
Chego ao jardim e vejo-te ao longe, rouba-me o ar esta tua visão, e tento recuperar.
Sento-me ao teu lado, naquele jardim frio e abandonado.
A chuva cai-me na cara mas sorris me com uma doçura que me aquece e aconchega. Tocas-me de leve na mão e voltas a olhar o vazio.
“Estiveste a chorar?” – pergunto-te baixinho.
“Consegues olhar-me nos olhos e dizer-me que és feliz, sem hesitar?” – replicas.
“Ninguém é feliz sempre.. “ – segredo-te bem junto do ouvido.
“Então... eu choro com a natureza” - dizes apontando para a chuva.
Desta vez olhas para mim e perco-me nesses olhos, rasgados pela dor das lágrimas que deixaste correr, o verde gasto pelo mundo que te contêm.
“Não percas a motivação, não conseguia viver sem ti sabes disso”- confesso
“ Estamos a ficar lamechas .” – dizes enquanto limpas os olhos e me abraças.
Perdido no teu calor perdi a noção do tempo e ao fim de segundos que souberam a pouco dizes me que me amas. Sei que me mentes, que nem te amas a ti mesma, que não consegues por mais que tentes.
“Sabes que o vento me leva o espírito a cada passo em falso.” – dizes me querendo voar.
“ Agarra-te a mim então, não te deixarei desaparecer! ” – tento em vão proteger-te
“Nada é infinito, e por mais que me tentes sabes que não consigo ficar sem te consumir aos poucos.” – respondes e desta vez sou eu que choro.
Limpas-me o rosto e beijas-me. Fecho os olhos na tentativa de manter este momento no meu coração.
Abro os olhos e já não estas aqui.
O vento sopra-me o doce som da tua voz num grito de “até um dia”.
Paixão consumida na brisa de um inverno que ameaçava chegar. De coração gelado bafejo no cigarro e deixo a loucura contida naquele banco de jardim.
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