sábado, 28 de maio de 2011

Honestidade


Temo de morte escrever...
Por cada palavra debitada dou mais de mim do que quero dar, por cada sentimento explicado perco peças que deixo para trás.
Fragmentos de mim que ecoam para fora do corpo e ficam nus e despidos perante vós.
Sinto-me incompleto... pois nao sei a vossa agenda, não sei que fazem aos poucos de mim que levam e mantêm reféns.
Diluído por mais do que podia imaginar ,temo que me percebam.
Pior que não ser compreendido é a maldade de ser compreendido por todos, a crueldade de sentir as vozes do mundo perante o meu lado negro ... sempre exposto.
Cada fragmento de mim transformado em arma.
Engulo esta realidade, prendo-me mais um pouco ao surreal.
Acho que a beleza de tudo está na liberdade de sentir e mostrar.
O ser mais que uma simples pessoa, o ter a coragem de sentir mais e mais até que saiba a pouco. Até que se esgote a chama em mim !
Liberto a minha essência sobre vós,
se mais tarde me arrepender derramado... sentirei o orgulho de ter tentado.


sexta-feira, 27 de maio de 2011

Cores


Este é um mundo de cinzentos e tons negros, onde procuramos salpicos de cor.
Peço-te, espero e desespero!
Pinta-me o amor na pele e faz-me sorrir com a alma, deixa-me sem ar nessa tua beleza intocada e imperfeita que me completa.
Espíritos nómadas somos nós... Escolhemos o mundo ao amor e agora sofremos cada segundo de distância, cada peça do puzzle que deixamos para trás.
Cada pouco de nós que se auto-destrói neste desejo incompreendido.
O universo finge compreender mas confunde-nos com escolhas sem resposta, com caminhos ambíguos em que por mero acaso se pode perder tudo.
Tento voltar atrás escolher-te a ti e procuro a felicidade no incerto, a raridade de uma segunda oportunidade nesta vida que improvisamos a passos largos.
Sorri e tem coragem, sei que muitos morrem incompletos mas não te deixaria morrer assim.
Num mundo de crenças perdidas só com a esperança podemos colorir a tela negra.
Lembro o doce dos teus lábios, vermelho proibido... o tom suave da tua pele que me abraçou e o verde dos teus olhos que me enganaram e fizeram amar.
Deixa-me, novamente perder o norte em ti, tira-me a razão que de pouco me serve e rasga-a com a força do teu calor junto ao meu.
Esta noite futura, este desejo de tortura é o que nos impulsiona este quadro surrealista.
O saciar-me completamente em ti.

Livre do mundo.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Crenças


Perdi-te nas palavras árduas que lançaste.
Acusas-me descaradamente de erros que cometes em relação a quem te apetece e projectas o ódio de ti mesma em mim. O fogo e a paixão perdem-se na tua insegurança desenhada pelos que dizes confiar.
Enquanto a cegueira nessa doutrina imaginária te toma abano a bandeira branca.
Que argumentos queres face á estupidez inerente as tuas palavras ?
Mais factos ?
Nem a maior verdade abre os olhos a quem não quer ver, e tu não queres ver. Não me podes culpar da tua decisão e do que buraco que cais sozinha.
Cospes na mão que te segura, mas ela vai continuar cá aberta, só tu a podes agarrar...
Mais que isso pede aos deuses, a minha deusa eras tu e hipocritamente percebo o erro da minha ignorância, da minha falsa fé.
Espero que a dor seja branda contigo.
O mundo vai cair mais e mais, o levantar só vai ficar mais difícil.
Passas de alma gémea a dor comum, a desilusão banal.
Será que alguma vez foste melhor que isso ou sonhei-te na minha fértil esperança? A mesma que agora te dizes atraiçoar.


Depois de tudo, nada mais consigo explicar.
A nossa felicidade bem construída nao seria tão facil de abalar...
PM

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Cesse o desejo


Sob a luz ténue das estrelas suplico o teu olhar.
Nesta imensidão de céu aberto, estou condenado a desejar-te mais e mais, a querer que me consumas para que possa consumir-te, e a que nos esgotemos a essência um ao outro.
Condenado a amar quem não me quer ou a quem me quer demais!
Constante a alucinação assombrosa do looping final.
Não quero o fim do sentir, apenas do sentir por ti. Quero a liberdade e o orgulho abdicados em vão, quero finalmente sair da tua sombra e ser mais que uma réstia do cachorro que fui.
Difícil a tarefa de amar, corajosos os que conseguem acreditar.
Eu apenas desejo cessar de te desejar.

crown


A lua cheia desperta-me.

Olho pela janela da torre de betão que me confina.

Não me sinto em casa, não me sinto bem mas também lá fora não me atrai. O luar entra pela janela e seduz-me o olhar, na mesa de cabeceira de vidro os papeis brilham em sua resposta.

Penso nas estrelas, no mar, no teu corpo. Fico mais calmo mas não quero voltar a dormir, o mundo dos sonhos já não me satisfaz... pelo contrário, tortura-me com o pesar que a tua falta me vai causar.

Perdido deambulo pelo chão envernizado pela tormenta e procuro um sinal de vida humano no palácio que começa a esfriar. Esta coleira de forças emocional não deixa réstias de razão, preciso de fugir! Eles vão chegar com a madrugada, sabes que sempre me quiseram destronar.

Há tipos e tipos de amar, porque teria de ficar pelo consumo máximo e irracional?

Continuo para o jardim e abro a porta, a noite sorri-me como a um lobo perdido e solitário nos seus últimos dias.

Não temo o caminho que tenho de tomar, não baixo a cabeça para hesitar, mas sem amor, fico-me apenas pelo gritar abafado pelo mundo.

E se me apaixonar entretanto e já não te conseguir esperar?

E se não me perdoares?

Fumo a solidão, calo esta voz que me atormenta dos sonhos até ao acordar.

A luz no palácio acende-se e ouço vozes! Vieram para me enterrar, para reclamarem a coroa que ousei tomar como minha.

Fujo para o bosque, espero que me possam perdoar, mas a coragem de desistir de amar não deve ser punida com essa exactidão, com esse preto e branco que me pintam. Sabes que não deixarei a morte me apanhar...

A natureza recebe-me, ela compreende-me e no seu caos intenso ela acolhe o meu pensar.

Atiro a coroa para o chão, reluz face á luz do luar e pisca-me o olho. Desapareço na imensidão, um dia volto para reinar.

Volto para te buscar.

Reis


A sala de reuniões no palacete cheirava a um incenso pesado e a café. Dirijo-me á janela, tentando fugir do incenso que me sufoca o ar.

Estás 10 minutos atrasada como de costume; aproveito o tempo para apreciar o café e despertar a mente naquele campo que se estende para lá da janela. Sei que combinamos não fazer grandes filmes na nossa reunião, mas deixas me acordado a sonhar que queres ? A preocupação não cessa com a cabeça, está no campo do sentir, do amar.

Tocas me no ombro e assusto-me.

“Pensavas em quê?” – perguntas desconfiada.

“A minha cabeça contempla sítios que não quererias visitar.” – respondo tentando não ser transparente a esse verde cansado do teu olhar.

“Tenta me um dia.” – desafias-me.

“Nem todo o tempo do mundo chegava para te deixar entrar.” – mostro-te o ressentimento de teres desparecido há anos, sem rasto do meu radar.

“No entanto cá estamos no mesmo lugar, senti saudades tuas.” – beijas me docemente no rosto.

“Que precisas?” – respondo travando o sentimento de te levar pelo mundo e esquecer tudo.

“Precisava de te ver só isso, sabes que apesar de tudo és o único capaz de me acalmar, não te chamei família durante anos só para te cravar!”

“Desta vez quem ficou lamechas foste tu.” – replico num um sorriso.

Passeamos pelo jardim, contas me as tuas novas aventuras, e sinto-me num conto de fadas, vejo que o mundo te deixou cansada mas não perdeste a chama que sempre me atraiu, a essência do teu ser num simples olhar.

Ignoro as marcas que a vida te deixou no corpo e lembro-me de quando éramos felizes, de quando partilhávamos o palácio e manchava-mos o jardim com a inocência do nosso agir.

“ Sabes que nascemos reis ?” – perguntas me antes de partir novamente.

Deixas-me envolto em pó, mais uma vez sem saber quando o vento te trás de volta e me dá esse prazer de te recordar e acompanhar.

Só hoje, 2 anos depois percebi o que querias dizer. Reis na nossa cumplicidade, unidos pela maneira de voar.

Perdidos num mundo que não nos compreende e como herança a propensão para uma loucura que combatemos a cada acto de pensar.

Que a sorte te acompanhe, porque tudo o resto ja nos falhou.


Banco de jardim


Chego ao jardim e vejo-te ao longe, rouba-me o ar esta tua visão, e tento recuperar.

Sento-me ao teu lado, naquele jardim frio e abandonado.

A chuva cai-me na cara mas sorris me com uma doçura que me aquece e aconchega. Tocas-me de leve na mão e voltas a olhar o vazio.

“Estiveste a chorar?” – pergunto-te baixinho.

“Consegues olhar-me nos olhos e dizer-me que és feliz, sem hesitar?” – replicas.

“Ninguém é feliz sempre.. “ – segredo-te bem junto do ouvido.

“Então... eu choro com a natureza” - dizes apontando para a chuva.

Desta vez olhas para mim e perco-me nesses olhos, rasgados pela dor das lágrimas que deixaste correr, o verde gasto pelo mundo que te contêm.

“Não percas a motivação, não conseguia viver sem ti sabes disso”- confesso

“ Estamos a ficar lamechas .” – dizes enquanto limpas os olhos e me abraças.

Perdido no teu calor perdi a noção do tempo e ao fim de segundos que souberam a pouco dizes me que me amas. Sei que me mentes, que nem te amas a ti mesma, que não consegues por mais que tentes.

“Sabes que o vento me leva o espírito a cada passo em falso.” – dizes me querendo voar.

“ Agarra-te a mim então, não te deixarei desaparecer! ” – tento em vão proteger-te

“Nada é infinito, e por mais que me tentes sabes que não consigo ficar sem te consumir aos poucos.” – respondes e desta vez sou eu que choro.

Limpas-me o rosto e beijas-me. Fecho os olhos na tentativa de manter este momento no meu coração.

Abro os olhos e já não estas aqui.

O vento sopra-me o doce som da tua voz num grito de “até um dia”.

Paixão consumida na brisa de um inverno que ameaçava chegar. De coração gelado bafejo no cigarro e deixo a loucura contida naquele banco de jardim.



terça-feira, 10 de maio de 2011

words


Tento compensar a ausência.
Inspiro a beleza lisboeta que me entra pela janela.
Falo contigo mas não me respondes, já á algum tempo que acho que nem estas ai, olhas me de rasgão do canto do quarto mas já finges nem me ver...
Fumo mais um pouco, tento que fales ou desapareças de vez, talvez não me sentisse tão mal e tão sozinho se não te visse sempre comigo.
Consciência muda que me atormenta mais do que quando falava.
Tormenta eterna que desejo ouvir.
Musa que me deixas sem respirar!
Calo-me, as luzes contemplam a minha loucura comigo. A força voraz que me consome é compreendida pelos astros á minha volta. Sou uno com ela.
Continuas ao canto mas ja me mostras a língua.
Sei que um dia voltarás para mim fiel grilo falante.
Fiel voz da minha existência.
Beso