quinta-feira, 30 de junho de 2011

cenas




Salto para o ar sobressaltado!
Não foi nada apenas um pesadelo, repito vezes sem conta até o cérebro acalmar...
Lavo a cara e ligo o mac com musica a rasgar os ouvidos e o cérebro, estava na hora de acordar a besta adormecida.
Olho para o telemóvel e vejo 10 chamadas não atendidas e 3 sms e deixo-o intacto na mesa suja de cinza.
“Hoje o dia não é vosso é meu.” – penso para mim mesmo olhando a nuvem de fumo da noite passada que ainda me sufocava o quarto.
Visto o estilo “ I don’t give a fuck ” e saio de casa para encontrar-te, não sei onde vou mas não quero estar com ninguém do custume, não quero ir aos cafés habituais nem dar asas a uma rotina que se estava a formar á minha volta.
Quero ver se sempre me encontras quando quero fugir, se sabes onde paro quando não quero pensar.
Chego á esplanada do miradouro e sento-me observando Lisboa, perdido no café com gelo e no meu cigarro nem me dou por tu te sentares.
Levanto a cabeça...
“Que fazes aqui” – digo distraído.
“Vim ver-te, sabes que sei sempre onde estás mesmo quando queres fugir cabrão!” – dizes-me ironicamente sorrindo.
“Só estas cá quando não te quero, quando preciso nem vê-la. “– respondo a enrolar mais um daqueles que me expande a mente.
“Também quero”– dizes-me num salto! – “E só precisas de mim quando sabes que não posso estar, quando te quero rejeitas-me tipo pastilha mascada!”
Dou-te para acenderes com aquele desdém ainda a notar-se enquanto vamos para a relva a passos lentos.
“Escusas de estar tão revoltado comigo, Sabes que te amo mas tenho um mundo á minha espera! Tenho uma vontade insaciável de descoberta e se não fosse assim nem olhavas para mim! “ – mandas-me á cara, e puxas o cabelo longo preto para trás como sabes que sempre apreciei.
Estavas certa mais uma vez e não te queria deixar voar... queria-te só para mim, egoísmo sem cura quando se tratava de ti.
“Por mim vai descobrir o que quiseres, não és a única a querer andar sem matilha.” – digo-te engolindo a vontade.
Sabes tão bem como eu que a paixão do meu coração se centra na impossibilidade, na incompatibilidade que nos impede de socializar e sair juntos.
Deitas-te sobre o meu peito fazendo o meu coração acelerar e passados alguns minutos a minha mente expande-se.
“ Como sabes sempre onde estou? “ –pergunto
Silêncio, dormias já de forma profunda e não te queria acordar. Queria aproveitar os poucos instantes em que te tinha.
Desviei a tua cabeça e coloquei-te delicadamente sobre a mala. A visão de ti ali frágil era contra a tua natureza e sabia que não ia durar.
“ Tive de ir, depois encontras-me de novo!” – rabisquei num papel enquanto abalava
Fugi para não te agarrar, Fugi para não me culpar de não conseguir cuidar de ti como mereces.
Fugi porque sei que por mais que te ame no momento, amanha já não vou cá estar, neste sentimento que me foge pelas mãos.
Neste medo de me comprometer.
Nesta vontade de me libertar, que nem a ti perdoa.

terça-feira, 28 de junho de 2011




Perco a imaginação.

Perco-me as vezes tanto numa vastidão de ideias que me esqueço de como expressar. Bloqueia-me tanto sentir.

Tento não pensar, não absorver pensamentos complexos.

Tento ser simples... acima de tudo pensar menos e ser mais básico e feliz por estupidez, enganado em mim mesmo.

Sufocam-me as ideias e fico com o pulso preso, não permito ao corpo sentir mais ou pensar, paralesia total.

Imensidão que me acolhe e me permite recuperar.

Espaço que não consigo abdicar...

PM

Jogos


O teu odor indignou-me, cheiravas a uma mistura de pecado original com luxúria...
Fazias o teu ritual de dança egoístico onde te abstraias de todo o mundo e te elevavas a cima e foi quando me vi perdido em ti pela primeira vez.
Trocas de olhar suaves e estava feito... tinhas-me na palma da mão, envolvido nos teu lábios mortais.
O meu corpo há muito que desesperava por um desafio, uma lembrança do que era ser predador... e reduzes-me assim a presa!
Derrotado e no chão, frustado ! Até que me acenas...
Volta o jogo da sedução... toques prolongados, olhares provocadores e conversas mentais!
Tento ficar por cima, parecer ter a lábia toda do mundo para me desarmares tipo principiante...
Quando me dou por rendido, ris e segues para o próximo desafio.
Sozinho lambo as feridas e volto á reflexão.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Tentativas



Tento ser vil, banal e reduzido ao desejo carnal , feito de hormonas que o corpo animal liberta, mas falho...
Terei mesmo de escutar o remorso desta consciência bipolar que me assombra quando tantos a ignoram?
Nasci desprovido desta arte de me enganar, esta arte que me parece partilhada por tantos outros que a dominam tão bem....
Arte que reduzo a falta de senso numa tentativa frustrada de me sentir bem... melhor que a multidão... ser mais do que o elemento desajustado que sou.
Tentativa óbvia de ser especial nesta minha incapacidade.
Temo ser tão menos do que me imagino, temerei de tal maneira que arranjo desculpas para uma especialidade inventada ?
Sinto coragem por lidar com o medo diário, e ao mesmo tempo fraqueza por senti-lo todos os dias, por não o conseguir negar ou apagar.
Este ser bipolar, esta dualidade que me deixa sem resposta, um dia será a base do meu fim...

O início da minha insanidade sem retorno.
Aquela da qual não irei voltar, aquela realidade onde serei príncipe do meu mundo...
PM

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Querer


Não quero chorar... juro que não quero!

As lágrimas começam a escorrer, limpo compulsivamente a cara mas elas teimam no meu querer.

Quero que me roubes o folgo nesse teu abraço, sacia-me esta falta de ti !

Nas minhas células células predomina esta avidez de te querer.

Penso novamente na distância e engulo a vontade c sabor salgado das lágrimas que me escorrem.

Sorrio a olhar a janela... deveras espanta-me a minha bipolaridade, ora choro por não te ter, ora me alegro por pouco faltar para te sentir.

Fecho os olhos e sono começa a seduzir-me lentamente.

Estou contigo ao meu lado!

O teu forte palpitar, o teu terno calor nos meus braços... sonhos que me embalam até acordar.

Perdido em ti, perdido em nós...

Perdidos no meu mundo.

PM


Dreamcatcher.

Sonhos... expectativas...

Nasci numa noite de tempestade, raiva dos deuses loucos...
Mais um sonhador caía ao mundo, mais um condenado á desilusão e ao desespero. Mais um pedaço de céu...

Não... não me arrependo das visões que não se concretizam, dos projectos que vejo cair, e das realidades que quase chegam a ser. Ao invés disso apanho sonhos e em cada um deposito uma esperança, uma faísca á espera da combustão e da velocidade da realização.

Depois existem aqueles que sobem no alto, aqueles sonhos que além de realidades formadas conseguem tocar os outros, ser mais que parte de mim... balões de hélio largados corajosamente no horizonte.
Aqueles que florescem e ecoam a minha alma fragmentada!

Agradeço a loucura em mim servida, a beleza do imaginário que passo e ultrapasso, a esperança que se rejuvenesce na alvorada de amizades que me suportam... que suporto também.
Saudades avassaladoras engolidas no desejo do amanhã.


Idiota desde 1990 , Idiota para uma vida. PM

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Insanidades


A voz da minha loucura ecoa nas paredes.

Sinto-a nos livros que me observam e nas estantes que me apertam o espaço na biblioteca.

Todo eu sou loucura, nela estou contido, a ela sirvo.

Não com esta impotência desalmada... tenho controlo nos meus limites , nas minhas capacidades mas ela chama-me sedutora, serpenteando a minha mente e testando-me.

Quebro os limites e ela atormenta-me...

Que queres de mim ? - pergunto-lhe

Não me responde, deixa-me a falar sozinho como louco abandonado.

Já nem a minha loucura me faz caso, já está tão em mim que responder-me seria inútil e perderia todo sentido, toda a essência de razão que ainda lhe resta.

Rasgada pelo chão olho a sanidade, a que outrora dominava está agora num canto escuro submissa. A linha ténue esbateu-se de tal forma e força....

Não quero perder-me na loucura apenas retirar o melhor dela antes que ela retire o melhor de mim... Constante batalha.

O que seria a vida sem a dose de loucura ? Ávida loucura....

Restos é tudo o que sobra da sanidade de outrora.