quinta-feira, 30 de abril de 2009

Back to ashes

São cinco da manhã. Lá fora escuridão e silêncio.
Arrebatado pela chuva e pelo vento, sem forças para continuar, refugio-me novamente na secretária. Encho o copo que se esvazia sem eu dar conta e leio o que outrora escrevi numa folha em branco pensando para mim mesmo – “ tretas!”.
Não me podendo dar ao luxo de pensar, e talvez entorpecido pela imensidão de álcool consumida, a música que toca tristemente no portátil já nada me diz. Ouço-a bem ao longe… As luzes da noite e das velas dançam em meu redor, não sinto nada. Quase tão automaticamente como vão aparecendo os fantasmas afasto-os com um golo de Chardonnay.
O cigarro de baunilha e as velas acesas acalmam o meu espírito, aqui estou em paz. Encho novamente o copo. Lá fora começa a fazer-se madrugada. Deixo-me ir e caio rígido no sofá. Amanhã será um novo dia, uma nova luta…

“He drank to stay alive but secretly wish that it would kill him .”
PM

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Folha de papel.

Espreito pela janela, lá fora chove com violência. Sem coragem para enfrentar o mundo, refugio-me numa chávena de café e numa folha de papel em branco. De caneta na mão não consigo escrever nenhuma palavra em que acredite verdadeiramente.
Na minha cabeça voam perguntas às quais respondo calmamente, porém insatisfeito com as respostas. Desejo secretamente muda-las, esquecer as perguntas, viver uma ilusão... Bebo um pouco de café, engulo a cobardia e durante momentos aprecio a beleza da chuva fumando um cigarro.
Subitamente, imerso nos meus pensamentos, sou iluminado por um raio de luz que rompe a escuridão nublada e atinge a folha de papel, esta em branco sorri para mim. Talvez deva caminhar sozinho, ter a minha própria aventura. - penso para mim mesmo.
" Serei Feliz!" - escrevo bebendo a última réstia de café e apagando o cigarro.
Colo a folha na porta do quarto…


…e de rompante saio para a chuva, enfrentarei o mundo lá fora!
PM

terça-feira, 14 de abril de 2009

Stars

Olhamos o céu longínquo e sonhamos em alcançar as estrelas. Algumas vezes quase as tocamos, mas percebemos que não passou de uma ilusão ao acordar.
Acordar. A parte mais difícil de todas. Todos nós desejamos as estrelas ao nosso alcance, e quando as alcançamos é difícil deixa-las partir. Mas temos de as deixar. Dê-se apenas por feliz aquele que as alcançou nem que seja uma vez. Aquele que as viu e deixou partir. Aquele que incredulamente as deixou escapar, mas que no entanto as teve por momentos.
Se já alcancei as estrelas? Se as deixei partir? Nada disto interessa.
Quando as alcançamos não queremos acordar, mas a manhã é inevitável. Alcançar as estrelas não dura mais que bons momentos… E mesmo que dure irão parecer minutos, pois a felicidade de as alcançar arrasta-nos o tempo. Mesmo a infinidade temporal passaria por minutos ao lado de uma estrela.
Mas há caminho a seguir. A estrela irá continuar, e não podemos parar.
Parar é morrer! E não podemos desistir.

Who knows when you can reach the stars one more time? And tomorrow there will be night again…
PM

sábado, 11 de abril de 2009

O Quadro

Era noite, convidavas-me a ver um novo mundo, mas estava preguiçoso.
Insististe e lá cedi intrigado. De repente, sem qualquer aviso, a escuridão teve cor. A lua cheia espreitava-nos com inveja. Ao som do mar e sob o céu nublado numa praia deserta, tornámo-nos um. Pintaste-me um quadro idílico onde coloriste o meu mundo com cores que não sabia existirem, enquanto às estrelas desejei que o nosso momento durasse para sempre.
Em dois dias vi a beleza que pintas neste mundo de banalidades. Fizeste-me perder nos teus olhos, e nesse tempo em que sonhei, o inalcançável esteve aos nossos pés.
Assim nos teus beijos e conforto, encontrei felicidade.
Depois de me perder voltei-me a encontrar. Despedia-me de ti… era hora de voltar á realidade.

Beijaste-me e voei mais uns minutos enquanto te via partir.
Quando desejava ser princípio de mim, pintaste-me um princípio de nós e com simples pinceladas ao acaso numa tela branca e nua, criámos realidade.



Deixas pegadas na areia que sou, pegadas que nem o tempo apagará do nosso quadro…
PM.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Renascer.

Uma hora. Duas… Três…
O tempo voa. Quero também voar, mas apanhado na monotonia as horas parecem-me dias. Fumo, bebo, anseio. Sigo o rio e espero… Espero o dia. O dia em que a corrente mude. A impotência surpreende-me. Nadarei contra o rio? E para quê? Julgar-me-ão louco. Porém saberei que lutei.
Neste controverso mundo onde é premiado o parvo e desprezado o audaz valerá a pena lutar?Opinião modesta a minha que diz que sim, serei eterno audaz e lutarei.
Lutarei contra a corrente, correrei contra vento … Estúpido talvez, mas fiel a mim.
Esta escuridão que nos rouba os princípios…
Queimar-me-ão na fogueira, mas das cinzas irei renascer, como Fénix e ai voarei. Terei todo o tempo do mundo… quando tudo tiver o fim, sem princípios alguns, serei princípio de mim.

Simplesmente 19, PM

terça-feira, 7 de abril de 2009

Acordo para este novo mundo.

Um novo crepúsculo de luz ilumina-me a face e faz-me despertar. Lá fora já bate o meio-dia e sinto a tua falta no lado da cama que te pertenceria. Sinto a necessidade de verbalizar o meu desejo de te sentir novamente e de trocar contigo aqueles beijos e toques que só nós entendemos, mas a distância roubar-me-ia o folgo antes que o som da minha voz te alcançasse. O dia passa com uma lentidão não habitual, como se fosse destino esperar dolorosamente pelo teu calor. Já é noite, e apesar de o oceano ainda nos separar, sinto-te mais perto e adormeço contigo nos meus pensamentos, para que, em sonhos talvez, a distância não seja o nosso impedimento. Saudade. @

“Ever thine, Ever mine, Ever ours”
PM

Necessidade Onomástica

Eu, como ser humano que sou, nasci com esta necessidade de dar nomes as variadíssimas coisas que não nomeadas se intrometiam no meu caminho. Maria foi mais uma vez a torturada pelas minhas necessidades de adolescente. Como tantas outras mulheres, Maria, mostra os dons que Deus lhe deu através da maravilhosa invenção divina – o Decote. Depois de tantas aulas a contemplar as “ditas” de Maria sou obrigado a falar-lhes sussurrando um Olá e esboçando um sorriso. Maria responde-me prontamente – Olá Marco – e mais uma vez saio frustrado pela incompreensão que estava a receber do mundo.
Depois de muita ponderação cheguei a uma conclusão brilhante, para as diferenciar por entre a multidão de seios pomposos existentes decidi que os de Maria, para além de nome, teriam banda sonora. Surgiu-me então “Ana” para o seio esquerdo e “Júlia” para o direito que sempre me pareceu mais vigoroso, podendo cantar-lhes assim a famosa canção “ Ana Júlia”. Para grande espanto meu Maria deliciou-se com os nomes atribuídos às suas bênções, apesar de eu as cumprimentar primeiro do que á própria ao que elas me respondiam com uma robustez diferente da habitual.
Realizei assim a minha última necessidade Onomástica de adolescente.

Sem mais assunto, PM.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

A origem de Diálogos do Pénis.

Um dia ouvi a expressão “monólogos da vagina” e fui invadido por uma curiosidade aterradora. Mais tarde, com os meus 18 anos encorajado por uma moca decidi quebrar o gelo e mergulhei sobre o assunto. Estávamos na praia olhando o mar, que reflectia a imensidão de estrelas no céu, quando tentei falar com o órgão sexual de Maria. Chamei-lhe Lola. Apesar de todos os meus esforços Lola ignorou-me deixando-me envolvido numa frustração imensa, até que Maria decidiu intervir indignada e pôr termo à minha tentativa falhada de conversação.
Pensei que talvez fosse a minha abordagem e o meu à-vontade que a intimidasse, mas logo vi que não tinha sido eu.
Os momentos foram se arrastando e subitamente apercebi-me, para grande desilusão minha, que talvez a vagina não fosse tão sociável como o pénis.
Hoje, um ano mais tarde, pensei em socializar com o mundo e expandir os meus pensamentos pelos leitores interessados e citando várias mulheres – “ Os homens pensam com a cabeça de baixo”. Daí o nome Diálogos do Pénis, peço desde já desculpa a leitores mais perversos por não satisfazer a sua vontade de falar sobre as vivências do meu pénis.

Até breve. PM