quarta-feira, 18 de maio de 2011

crown


A lua cheia desperta-me.

Olho pela janela da torre de betão que me confina.

Não me sinto em casa, não me sinto bem mas também lá fora não me atrai. O luar entra pela janela e seduz-me o olhar, na mesa de cabeceira de vidro os papeis brilham em sua resposta.

Penso nas estrelas, no mar, no teu corpo. Fico mais calmo mas não quero voltar a dormir, o mundo dos sonhos já não me satisfaz... pelo contrário, tortura-me com o pesar que a tua falta me vai causar.

Perdido deambulo pelo chão envernizado pela tormenta e procuro um sinal de vida humano no palácio que começa a esfriar. Esta coleira de forças emocional não deixa réstias de razão, preciso de fugir! Eles vão chegar com a madrugada, sabes que sempre me quiseram destronar.

Há tipos e tipos de amar, porque teria de ficar pelo consumo máximo e irracional?

Continuo para o jardim e abro a porta, a noite sorri-me como a um lobo perdido e solitário nos seus últimos dias.

Não temo o caminho que tenho de tomar, não baixo a cabeça para hesitar, mas sem amor, fico-me apenas pelo gritar abafado pelo mundo.

E se me apaixonar entretanto e já não te conseguir esperar?

E se não me perdoares?

Fumo a solidão, calo esta voz que me atormenta dos sonhos até ao acordar.

A luz no palácio acende-se e ouço vozes! Vieram para me enterrar, para reclamarem a coroa que ousei tomar como minha.

Fujo para o bosque, espero que me possam perdoar, mas a coragem de desistir de amar não deve ser punida com essa exactidão, com esse preto e branco que me pintam. Sabes que não deixarei a morte me apanhar...

A natureza recebe-me, ela compreende-me e no seu caos intenso ela acolhe o meu pensar.

Atiro a coroa para o chão, reluz face á luz do luar e pisca-me o olho. Desapareço na imensidão, um dia volto para reinar.

Volto para te buscar.

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